- Pava! Acorda, são 06h30....Pava, são 07h00...Vai lá Nany, lambe esse fdp...
Nada pior que a maldita segunda feira dia de lavar roupas, lavar cozinha e limpar quarto do Pava...
- Beijo mãe....e assim eu o vejo ir embora as 07h40 motivado pelos gritos de abandono da Karim.
08h05 o portão abre, e os dois filhos de égua retornam da rua com cara de mudamos de idéia.
- Que foi? Foram assaltados? Machucou? Greve da Anapolina? Pergunto aflita.
- A Karim me convenceu a matar aula pra jogar Plastation.
Mato-a com um olhar pois sei que ela mentiu, na verdade ela queria que ele ficasse em casa pra ajudar ela num trabalho da faculdade e ela dispara a rir, dizendo-me que foi legal fazê-lo levantar e ir a toa pra parada....Percebo de imediato que o dia promete, aproveito e peço pra que um deles vá até a farmácia comprar meu remédio da pressão e de quebra comprar girassol pra o periquito. Depois de muito par ou ímpar, choro, lembranças e uma chantagem do tipo é hoje que eu vou morrer sozinha sem meu remédio, os dois decidiram ir juntos.
Demoram... o portão abre...mais demora....isso me preocupa. Fico em pé na lavanderia, quando um Pavarotti passa com uma caixa de papelão que tem vida própria, como se houvesse um gato doido pra sair de lá. Ele trava quando eu falo seu nome(sim, aquele que consta na carteira de identidade), me olha de lado e fica com cara de "sim, a merda está escorrendo pelas pernas" Pergunto o que ele tem na caixa, e daí começa a novela mexicana.
- Gordinha do céu, eu nem tenho caixa na mão, que caixa vc está vendo? Vai lavar roupa, vai!
- Abre a bosta dessa caixa que tem merda aí dentro.
- Não,, vc não vai me separar do Vandaime...
- Vandaime? Vandaime? Que porra é Vandaime? (sons ao fundo de uma guria do inferno rindo de perder o fôlego)
Ele abre a caixa como um mágico que enfim tira o coelho da cartola e me apresenta.
- Tchanannnnn, Vandaime, o pombo!
- Queeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
- Não é um pombo, é O Pombo Vandaime.
- Rafael, vc sabe que o pior bicho que existe é pombo, ele transmite mais doenças que ....blá...blá..blá....(mil blás depois)
Como vc conseguiu isso?
- Eu comprei na agropecuária.
Nesse instante fuzilo mais uma vez a Karim com os olhos. Dou minha bunda pra torcida do flamengo como ela não disse nada só pra ver o oco. E a mesma está sem fôlego, com as narinas abanando e eu consigo ver suas amidalas distante uns 4 metros. Pra piorar, o Ero Senin que tá numa fase zen e tem tentado me convencer a serenar e ser tolerante chega pra ver que zona era aquela, porém se mantém no silencio de monge budista.
- Pava, o pombo não fica, vc sabe pra que as pessoas compram pombos? Pra fazer despacho meu filho. Eu deveria ter ficado calada, pois a cara dele mudou completamente e foi como se eu dissesse pra um indiano comer uma fatia de picanha mal passada.
- Despacho? Que gente ignorante! Mãe, olha pra cara dele, veja os olhinhos tristes e me empurra a caixa no rosto num ponto onde nem foco eu consigo fazer.
- Pava, vc vai agora lá devolver esse bicho.
- Mãe deixa eu ficar com ele. Já sei, vou criar ele no meu quarto.
- Que quarto? Que quarto? Vc nem limpa seu quarto, o que vc quer? Matar a todos? Já não basta gripe suína, dengue, malária, verme, cachorro, rinite e vc me vem com pombo?
Ero Senin decide se intrometer na briga, respiro aliviada, enfim alguém vai se posicionar ao meu lado nessa aventura insana de criar pombo...
- Que pombinho bonitinho! Qual o nome dele filho?
Pava enche o peito de orgulho e responde
- Vandaime, o Pombo!
- Puta que pariu o pombo! Agora! Tira essa porra daqui, senão eu vou dar ele de brinquedo pra Nany....ahhh eu esqueci de mencionar a Nany. Pense numa labradora pulando freneticamente tentando alcançar a caixa pra brincar com o que tem dentro, uma guria rindo descontroladamente, um velho de meia idade, de cuecas, meias pretas e sapato marrom tirando sarro da minha cara.
Meia hora depois, convenço-o a devolver, e, claro, Ero Senin e Karim vão juntos.
- Moço, eu vim devolver o pombo porque minha mãe não deixou eu ficar com ele, olha, não precisa me devolver o dinheiro e eu queria propor uma coisa pra o senhor, será que o senhor podia cuidar dele pra mim? Eu pago quinze reais por semana pra o senhor cuidar, dar comida, e não cortar as asas, porque eu quero que as asas dele cresçam para que ele seja livre e possa voar e ser como os outros pombos que comem pastel da viçosa. ( Claro que a parte da viçosa ele não disse, mas ele pensou, ah pensou!)
Bom, o moço prometeu a ele cuidar do pombo, sem cobrar nada e assim que as asas crescerem ele pode ir resgatar o pombo para soltá-lo.
Vc pensa que acabou por aí, né? Ele fez uma comunidade no orkut para o pombo, e tá com raiva porque quando ele for resgatar o pombo, sabe que o mesmo vai ser confundido e vendido.
A comunidade para o pombo é esta:
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=94170980
(vandaime ao centro)
Escrito por Vilma Sotero (tia Vilma, mãe do Pava).
por essa ninguém esperava, até pombo entrou no blog.
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