Bater ou correr ?

O que pode acontecer a dois jovens inocentes trabalhadores que saem do serviço as 23h20?
As próximas linhas talvez lhe tragam a resposta.


 Sexta- feira, dia de pagamento, e o melhor de tudo, o dia da entrega do vale transporte. Mais uma vez o Pava avoado esqueceu de pegar seus vales, esqueceu de sacar algum trocado do salário, esqueceu de desligar o computador mais cedo e também esqueceu que iríamos subir a caminho do ponto de ônibus sozinhos por isso.
O trabalho tinha dois caminhos até o ponto de ônibus, um cortando pelo mato e outro beirando a pista.

Vantagens de ir pelo mato: Indo pelo mato nós demoramos mais porém é tranquilo, podemos ver o céu estrelado, não tem cachorro louco querendo nos pegar, o risco de assalto é mínimo pois nenhum bandido passa a noite atoa no mato, tem algumas corujas dando rasante em nossas cabeças, insetos fedidos e alguns buracos, não é de todo mal.
Vantagens de ir pela pista: é mais rápido, os carros podem nos pegar, tem uma cachorra louca que tenta nos atacar sempre, o risco de assalto é grande por que os vagabundos ficam atoa na parada esperando um trouxa para assaltar, porém não tem bichos ou insetos nos importunando. Também não é de todo mal.

Naquela sexta já passava das 23h20 quando saímos do serviço, o que não nos restou dúvida de que se fossemos pelo mato não conseguiriamos pegar o Bus da 23h30, fomos pela pista e no primeiro passo.... TCHORORORORORO (barulho de chuva).
Uma chuva torrencial nos fez mudar o trajeto da parada pretendida que estaria cheia de pessoas e bem iluminada para ficar em um ponto de ônibus mais perto, sem niguém e sem iluminação, tudo isso devido ao tempo, nos dois sentidos.
Já era hora do ônibus passar e aquela parada escura dava um clima de abandono e insegurança, era tudo uma questão de minutos e o ônibus passaria.
- Bora mermão, passa tudo.
Fiquei sem entender, mas quando olhei para trás já tinha a resposta, ASSALTO.
Dois Adolescentes com uma faca roubando dois marmanjos, fomos para trás da parada e cada um pegou a sua vítima, eu fui rendido por um desconhecido, o Pava foi rendido pelo Capetinha.

Diálogo - Eu e o menor
- Passa a carteira ?
Ele Vasculhou a carteira e não achou nenhuma nota, depois começou a apalpar meu bolsos.
- Mermão cadê a grana ?
- Po velho, eu sou quebrado, eu não sou estudante não, sou trabahador.
- Que que tu tem dentro dessa mochila aê?
- Eu tenho um biscoito, tá afim?
- Não, deixa eu vê...
O vagabundo tinha doutorado em mochila, além de achar bolsos secretos, tirou meus livros, coisas, papéis e espalhou no chão, para minha infelicidade ele achou meus vale transportes do mês inteiro que eu tinha acabado de receber(por isso era doutor em mochila, pois estava em um local super seguro sté então), porém mostrou sua compaixão ao me entregar dois vales.
- Toma aê pra tu voltar pra casa.
- Pô valeu.
Somente um pobre para entender outro.

Diálogo - Pava e o Capetinha
- Me dá tua carteira.
- Eu não tenho.
- E cadê a grana?
- Então velho, eu só tenho esse 5 conto aqui.
- Não de boa, fica com isso pra tu voltar pra casa.
- Velho, se você não roubar esse 5 conto, você nao roubou nada.
- Então me dá esse 5 conto, o celular fudido e esse casaco velho. E não olha pra minha cara otário.

E lá se foram os bandidões com meus passes, meu celular de lanterninha, meu mp3 quebrado, o celular fudido do Pava, seu acaso velho e 5 conto pra tornar o ato em um assalto digno de ponto de ônibus.
- Porra velho, eu não tenho nada aqui, como vamos voltar?
- O meu assaltante ainda me deixou com dois passes, aproveita e dá sinal que o nosso é esse aí.
Dentro do ônibus, em pé, molhados e com cara de bunda, Pava começa:
- Eu fiquei te olhando pra dar sinal e depois a gente correr...
- Correr? eu queria era dar um cacete naqueles bichos.
- Tu acha que consegue bater em todo mundo é?
- E tu é o papa léguas é?
- Se tivessemos corrido não tinha dado nada.
- Por mim a gente tinha decido o cacete.

E assim fomos até o Valparaíso, resmungando a melhor saída, que no fim não deu nada.
Quando eu conto essa ninguém acredita!

Bju me clika
Thiago Maroca

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